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28/04/2011

Programação da Festa de São Benedito 2011

Dia 3 de maio – Dia de Santa Cruz
Horário: 19h – Abertura da Capela de Santa Cruz com todos os Capitães de Congo.
Horário: 20h – Cortejo com os Mastros pelos Congados (Rua Barão do Campo Místico, Rua Junqueiras, Praça Pedro Sanches, chegando à Igreja de Santo Antônio na Rua São Paulo)
Horário: 20h e 30min – Retirada da Imagem de Nossa Senhora do Rosário.
Horário: 21 h – Procissão com andor de Nossa Senhora do Rosário e os Mastros Sagrados (saída da Igreja de Santo Antônio, pela rua São Paulo com chegada no pátio da Igreja de São Benedito)
Horário: 21h e 30min – Chegada dos Congos ao pátio de São Benedito, levantamento dos Mastros Sagrados com queima de fogos. Entronização da Imagem de Nossa Senhora do Rosário na Igreja de São Benedito pelos Capitães de Congo, seguida de benção aos devotos de São Benedito.
Dia 11 de maio
Horário: 15h
– Retirada dos Caiapós do mato pelo Terno de São Benedito com a presença de todos os Ternos de Congos, na Fonte dos Amores.
Horário: 15h e 30min – Caminhada pela cidade, conduzindo os Caiapós até a Igreja de São Benedito na Praça Coronel Agostinho Junqueira.
Horário: 18h – Celebração Eucarística na Igreja de São Domingos com a presença de todos os ternos de Congos e Caiapós.
Dias: 11 ao dia 13 de maio
Horário: 21 h
– Embaixada de Carlos Magno e os 12 pares de França pelo Terno de Congos de São Benedito, no pátio da Igreja de São Benedito.
Obs: Todos os dias da festa, durante o dia, os Ternos de Congos e Caiapós, fazem visitas às casas e  escolas de Poços de Caldas e cidades vizinhas que solicitam suas presenças. À noite realizam suas devoções na Igreja de São Benedito, das 20h até às 22h, bem como percorrem todo o entorno da Igreja de São Benedito.
Dia 13 de maio
Horário: 6h
– Alvorada Festiva com queima de fogos e repique de sinos da Igreja de São Benedito e de Nossa Senhora da Saúde (Basílica).
Horário: 10h – Missa Conga na Igreja de São Benedito com a participação de todos os Ternos de Congos e Caiapós.
Horário: das 12h às 15h, os Ternos de Congos e Caiapós fazem sua visita à Basílica de Nossa Senhora da Saúde, em memória e respeito, por ser ali o primeiro local onde havia a Capela de São Benedito. Também fazem visitas aos asilos, levando alegria e conforto àqueles que lá se encontram e que já participaram de congadas.
Horário: 16 h – Procissão solene com andores de São Benedito, seguido de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia pelas ruas das cidades
Roteiro da procissão: Rua São Paulo, Praça Pedro Sanches, Praça Major Luiz Loyola, Rua Junqueiras, Rua Assis Figueiredo, Rua Alagoas, Rua Santa Catarina, Rua Rio de Janeiro.
Horário: Missa de encerramento da Festa de São Benedito (missa campal), seguida de coroação de Nossa Senhora do Rosário com queima de fogos. Após a coroação, louvor dos Ternos de Congos e Caiapós à São Benedito dentro da Igreja até 22 horas.

27/04/2011

A história de uma devoção

"O pretinho velho chegou trazendo uma imagem de São Benedito, que guardava um vasto oratório sempre com uma lâmpada acesa..."

O nome dele era Herculano Cintra e chegou a Poços de Caldas vindo da cidade paulista de Amparo, em 1889, um ano após a abolição. Ex-escravo que, como tantos negros, herdou o sobrenome da família a que pertencia, Herculano - que era cearense - trouxe na bagagem algum dinheiro, uma imagem de São Benedito e o desejo de construir, ao santo, uma capela.
Em 1902, buscou na Câmara dos Vereadores permissão para, sob os escombros da antiga necrópole da cidade, no local chamado Campo Santo, erguer a igreja. Não bastasse a força de vontade, ele precisaria, ainda, reunir pessoas motivadas a enfrentar  as dificuldades impostas pela sociedade da época e trabalhar para transformar o antigo cemitério em local de devoção.
Com a permissão da Câmara, a comunidade se uniu e, em 13 de maio de 1904, foi realizada a primeira festa dedicada a São Benedito. A Revista Poços, que circulava na época, convidou a população a prestigiar o evento, que pretendia levantar fundos para a construção da capela. O texto confirma, também, a presença de ternos de congos, de grupos de moçambiques e dos caiapós.
"Um conto de réis" foi a renda arrecadada. O dinheiro serviu para construir a capelinha, inaugurada em 1905, com frente para a atual rua Rio Grande do Sul. Naquela época, no entanto, a cidade tinha como matriz a capela de Bom Jesus da Cana Verde que, conforme concluiu a Igreja Católica, em 1909, estava pequena para os cultos religiosos da estância. Assim, a nova matriz de Nossa Senhora da Saúde foi erguida também no terreno do antigo cemitério. Um ponto, no entanto, chama a atenção: ela foi construída de costas para a capela de São Benedito, fazendo frente para a atual rua Assis Figueiredo, como se a coexistência dos dois santos fosse tão precária quanto a de seus devotos.
Com várias polêmicas em torno da questão, em 1926 São Benedito "subia" o morro do Itororó, onde fica hoje localizada a igreja que o homenageia. Era inaugurada a nova capela dedicada ao frei negro. O evento foi marcado pela tradicional presença dos ternos de congos e caiapós, além dos moçambiques que, desde sempre, contaram, em cantos e danças, a história de sua descendência.
(Jesuane Salvador)
Extraído da Revista LACRÈME
Ano 01 Nº 05
Poços de Caldas - MG

  

20/04/2011

Roteiro para uma pesquisa escolar

01- Planejamento
  • definir o tema ( de acordo com as orientações do professor);
  • definir as fontes de consulta;
  • planejar o tempo disponível;
02- Coleta e Pesquisa
Coletar as informações sobre o tema em:
  • livros;
  • dicionários e enciclopédias;
  • internet;
  • meios de comunicação social: entrevistas, visitas de estudo, debates, conferências ou à observação pessoal;
ATENÇÃO:
  • recolher primeiro as informações;
  • as fontes de consultas devem ser variadas;
  • evitar cópias;
  • fazer um resumo daquilo que leu;
03- Organização
  • organizar a informação recolhida;
  • ordenar conforme os objetivos pretendidos;
04- Redação do Trabalho
O trabalho é constituído por:
  • introdução: identificar o tema e o objetivo do trabalho.
  • desenvolvimento: é o corpo do trabalho. É onde se explica o tema do trabalho (deve ser feito de forma clara e ordenada). Pode conter títulos e subtítulos. Pode-se iniciar o desenvolvimento pela definição do assunto que irá trabalhar.
  • conclusão: é a parte do trabalho em que você vai mostrar aquilo que aprendeu. Faz-se um resumo do trabalho, dando a opinião do grupo sobre o tema que abordaram. As frases devem ser curtas, claras e concisas.
          A conclusão é a parte mais importante do trabalho.

05- Outras partes do trabalho:
  • Índice: é a lista dos títulos do trabalho (deve ser feito de acordo com a numeração das folhas).
  • Bibliografia: é a lista de obras ou publicações consultadas. É separada por vírgulas e começa-se por:
  1. apelido e nome do autor;
  2. título e subtítulo da obra (sublinhado);
  3. número e local da edição (s.l);
  4. editor;
  5. data da edição (s.d);
  6. número da página consultada.
06- Aspecto Gráfico
A capa deve conter:
  • nome da escola e da disciplina;
  • nome(s) do (s) autor (es), número e turma;
  • título (e subtítulo, se houver) do trabalho (em letras mais salientes);
Tarefas dos alunos:
     Faz-se necessária a interpretação das informações disponíveis e não apenas fazer um trabalho de cópia, além de ser ilegal não é este o objetivo da pesquisa.

Tarefas que cabem ao professor:
 - definir o roteiro ou os tópicos que deverão constar na pesquisa;
- passar aos alunos as fontes onde o tema da pesquisa poderá ser encontrado;
- os objetivos que se pretende alcançar com tal pesquisa;
- o acompanhamento periódico do andamento do trabalho.

Tarefas que cabem aos pais:
- o fornecimento ou o acesso às fontes indicadas pelo professor ou outras e alguma orientação sobre a organização ou execução da pesquisa. Muitas vezes, é necessária a interferência dos pais para uma melhor divisão das tarefas, quando o trabalho for em grupo.

Projeto Cultura Popular

Dando continuidade ao Projeto, foi realizada uma reunião com os Auxiliares de bibliotecas escolares no dia 08 de abril de 2011, onde tivemos o prazer de contar com a presença da Professora Maria José (Tita) que nos falou sobre os Congos e Caiapós de Poços de Caldas e deu orientações de como realizar uma pesquisa escolar; também respondeu várias perguntas relacionadas a Festa de São Benedito.


RELAÇÃO DAS ESCOLAS QUE ADERIRAM AO PROJETO:
01- EM. Haroldo Afonso Junqueira
02- EM. João Pinheiro
03- EM. Alvino Hosken de Oliveira
04- EM. Mariquinhas Brochado
05- EM. José Raphael Santos Netto
06- EM. Maria Ovídia Junqueira
07- EM. Dr. Pedro Afonso Junqueira
08- EM. Profª Carmélia de Castro
09- EM. Nicolina Bernardo
10- EM. José Avelino de Melo
11- EM. Irmão José Gregório
12- EM. Sérgio de Freitas Pacheco
13- CAIC Profº Arino Ferreira Pinto
14- EE. Cleusa Lovato

14/04/2011

Folia de Reis (Oeste de Minas Gerais)

Capa do CD
 Termos usados

Folia
É um grupo de cantadores e tocadores que sai a serviço de um festeiro para angariar ofertas para a realização de uma festa.

Festeiro
É quem contrata ou encomenda a folia para sair em seu nome, normalmente para pagar uma promessa.
Oferece o café na saída do cortejo, almoço e janta na entrega.
Pode contar, também, com outros colaboradores.

Folia de Reis
Reisado, terno ou rancho.
Grupo de homens, excepcionalmente com algumas mulheres, que sai em procissão cantando e tocando em louvor aos Reis Magos, numa mistura de folclore e religiosidade, tendo como guia uma bandeira, símbolo respeitado, que segue sempre à frente do cortejo.

Bandeira
A bandeira de pano é substituída, às vezes, por um quadro com a imagem da Sagrada Família junto aos Reis Magos e coberto por uma toalha branca. É recebida, num sinal de respeito e fé, com uma genuflexão ou de joelhos e beijada pelos foliões, festeiros e patrões. (os donos das casas visitadas)

Foliões
Participantes da folia. (Instrumentistas, cantadores, bandeireiros)

Reis Magos
Gaspar, Belchior e Baltazar.

Magos
Como eram chamados os antigos sacerdotes ou astrólogos que tinham o dom da adivinhação. Viviam na antiga Média, Hoje Ásia, desde o século VIII A.C.

Festa de Reis
É uma festa popular de caráter religioso, celebrada em 6 de janeiro, em comemoração à visita dos reis magos ao presépio também chamado de epifania.

Presépio
Era o lugar onde se recolhia o gado (Curral, estábulo, estrebaria).
Hoje representa o local do nascimento de Cristo e também as figuras que segundo o Evangelho estavam presentes ou chegaram logo após seu nascimento, como os pastores, os magos dentre outros.
É o local preparado pelos fiéis, nas igrejas ou em suas casas, para comemorar o nascimento do menino Jesus. (Espécie de gruta)

Epifania
É a manifestação de Jesus Cristo aos “Gentios” (pagãos) nas pessoas dos Reis Magos que o vieram adorar. Comemora-se esse acontecimento com a festa litúrgica, (cerimônia da igreja) no dia 06 de janeiro. A partir da reforma do calendário litúrgico de 1969, celebra-se no segundo domingo depois do Natal.

Toalha Branca
Simboliza o manto que cobriu o menino Jesus. Os foliões costumam usar uma tolha branca bordada com as figuras dos três Reis Magos, em volta do pescoço, identificando sua condição de participante da folia.                                           

Fonte: CD Folia de Reis do Oeste de minas, produzido e interpretado por Zé Lino

BIBLIOTECA PÚBLICA PROFESSOR JÚLIO BONAZZI

Fachada

A Biblioteca Pública Professor Júlio Bonazzi também conhecida como “Biblioteca do Monjolinho” foi criada através da Lei nº 2.439, com publicação no Jornal do Município nº 243 (24/08/1976). Conta com uma área construída de 165, 65 m², numa praça de 1.428, 45 m² a sendo referência nas comunidades dos Bairros: Cascatinha, Santa Rita, Monjolinho, Jardim São Paulo, Aparecida e Santo André.

Juntamente com a Fonte Monjolinho compõe o Complexo Cultural Monjolinho.

Com mais de 1200 (mil e duzentos) leitores devidamente cadastrados e recebendo uma média de 320 (trezentos e oitenta) frequentadores mensais. Estes são divididos entre os que fazem pesquisas escolares, e os que fazem empréstimos, uma vez que aqueles que acessam a Internet gratuita, disponibilizada desde o final de 2010, somam uma média de 330 acessos mensais.

Com uma construção antiga, pois foi construída na década de 70, porém com uma arquitetura moderna, hoje o prédio necessita de reforma que revitalize sua arquitetura, corrija alguns problemas gerados pelo desgaste temporal e promova a acessibilidade, tão necessária numa sociedade inclusiva. Isto poderá ser concretizado com a aprovação de um projeto apresentado ao Ministério da Cultura, através do - Edital Mais Cultura de Apoio a Bibliotecas Públicas 2010, estando o Município apenas aguardando o posicionamento do Ministério da Cultura (MINC) para proceder à obra.

Regularmente são desenvolvidas ações de incentivo à leitura, em parceria com a Escola Dr.Alvino Hosken de Oliveira como o Projeto “Ler o Mundo” (atores da Cia de Teatro Máscaras Vivas), Leitura Compartilhada e Hora do Conto. Em 2009 também foi desenvolvido na biblioteca uma série de atividades culturais como: Férias na Biblioteca, com apresentações de filmes para as crianças, apresentação dos músicos do Festival Música nas Montanhas com o musical Pedro e o lobo, Sarau em homenagem ao Poeta Patativa do Assaré - Literatura de cordel e Exposições literárias.


Musical Pedro e o lobo

Horário de atendimento:
De 08h às 18h – De segunda a sexta.
Localização
Praça: Tiradentes, 617
Monjolinho - CEP: 37701-152
Responsável: Maria das Dores T. Nascimento (Dora)

13/04/2011

BIBLIOTECA PÚBLICA MANUEL GUIMARÃES



A Biblioteca Comunitária da Região Sul foi ativada em maio de 2004, na gestão do Sr. Paulo Thadeu. Desde então realiza-se trabalho de formação de leitores e divulgação do espaço cultural na comunidade. O crescimento quanto ao número de leitores cadastrados e o empréstimo de material circulante supera as expectativas previstas inicialmente. Em agosto de 2009, em homenagem ao fundador da Academia Poços-caldense de Letras, a biblioteca da Região Sul passou a ser designada BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL MANUEL FRANCISCO COSTA GUMARÃES.
A biblioteca além das consultas internas oferece o serviço de empréstimo de material circulante (livros, revistas, VHS e DVD), contação de histórias, apresentações culturais, exposições, entre outras atividades.
Em parceria com a Associação dos Amigos das Bibliotecas Públicas, vários projetos foram viabilizados para efetuar melhorias na estrutura e composição do acervo da biblioteca. Entre eles destacamos: Brinquedoteca com Recursos Audiovisuais, RestaurAção, Biblioteca Digital e Cestas de Leitura.
A grande expectativa é a construção da biblioteca modelo em terreno oferecido pela Prefeitura Municipal para a Associação de Amigos da Biblioteca através de parcerias com a iniciativa privada e projetos de leis de incentivo à cultura.

Av. Jaçanã Musa dos Santos, 270
COHAB – Poços de Caldas
37706-206
3697-2074
aabpmpc@gmail.com
Horário de atendimento: Segunda a Sexta das 08h às 18h
Responsável: Jeferson L. Garcia

04/04/2011

Entrevista com Ricardo Azevedo

Íntegra da entrevista  “Literatura deve tratar temas da vida” para matéria “Até o lobo mau ficou certinho...” de Mônica  Pestana, Jornal da Tarde, Caderno Cidade, pág. 10A, em 15 de Março de 2010.


Jornal da Tarde: O que o Sr. acha das mudanças de clássicos como Chapeuzinho Vermelho ou cantigas como Atirei o pau no gato?

Ricardo Azevedo: Se as pessoas que propõem essas mudanças querem educar creio que estão no caminho errado. Educar é formar crianças e jovens que sejam expressivos, tenham pensamento crítico e também a clara noção de que têm responsabilidades para com a sociedade em que vivem. Numa sociedade desigual e violenta como a nossa, com tantos problemas sociais, em vez de perder tempo propondo modificações arbitrárias nas histórias e cantigas tradicionais essa gente devia se preocupar em como formar crianças e jovens aptos a discutir o consumismo desvairado, a transformação de valores humanos  em mercadoria, o individualismo narcisista, o óbvio desequilíbrio social, as relações do homem com as tecnologias e coisas assim. Não será alterando a letra de “atirei o pau no gato” que vão conseguir isso.

J.T.: Mudar a letra de uma cantiga ou uma história clássica implica em um prejuízo para a literatura ou para a criança?

R.A.: O acesso à cultura popular, conhecer suas principais manifestações, seus artistas, suas características, sua riqueza e suas contradições, deveria fazer parte da formação de toda a criança brasileira. Num país como o nosso, onde ela é viva, pujante e, mais, representa a maioria da população, isso deveria ser óbvio. Infelizmente, minha sensação é a de que boa parte de nossas crianças são como estrangeiros no que diz respeito à sua cultura popular. Creio que essa é uma grande falha da nossa educação.

J.T.: Como a criança lida com o conflito apresentado nas histórias? Ela faz essa divisão da ficção e mundo real?

R.A.: Toda a literatura, seja ela popular, infantil, adulta ou outra, nasce  do conflito e da contradição. Quando está tudo bem, quando não há conflito, não há história. Ao perceber que sua filha cresceu e está cada vez mais bonita, a mãe de Branca de Neve manda matá-la. Trata-se de um tema humano essencial: a luta do velho contra o novo. É importantíssimo que a criança tenha acesso a ele, e as histórias de ficção são um bom lugar para que isso ocorra. Quanto à divisão entre o mundo real e a ficção, ela não tem a ver apenas com crianças. Trata-se de um problema complexo, afinal, somos seres culturais e vemos o que nossa cultura permite que vejamos. Daí, por exemplo, a importância do estudo da cultura popular. Será que um pessoa que não freqüentou a escola enxerga a vida e o mundo da mesma forma que uma pessoa escolarizada? Quem estuda o assunto sabe que a resposta é não. Estão em jogo, portanto, diferentes maneiras de encarar a vida. Por que não tentar compreender melhor a cultura que produziu tantos ditados maravilhosos, criou o carnaval, o samba e o maracatu, e influenciou artistas como Villa-Lobos e Antonio Carlos Jobim?
J.T.: A criança precisa do conflito e dos “maus exemplos” para sua formação?

R.A.: Não se trata de bons ou maus exemplos. A literatura deve sempre tratar de temas da vida concreta e nela há um pouco de tudo: a busca do autoconhecimento, as paixões, a dificuldade em separar a realidade e a fantasia, as transgressões, a luta do velho contra o novo, a complexidade da convivência com o Outro e, entre muitos outros temas, o contato com o mal, por exemplo, a inveja, a mentira, a injustiça, a ganância, o ódio, o desprezo, o ciúme, o preconceito, o rancor etc.
 
J.T.: Qual o papel da literatura, em sua opinião, na formação de uma criança?

R.A.: Abrir as portas da imaginação e, ao mesmo tempo, humanizar, ou seja, introduzi-la aos temas humanos concretos. É preciso fazer a criança perceber que todo o ser humano é eminentemente social, tem determinadas potencialidades e limites, é expressivo, emotivo, criativo e efêmero, é capaz de construir linguagens e símbolos e também de transformar a natureza e a sociedade. Daí a importância de transmitir às crianças a noção de responsabilidade. Crianças serão as construtoras do futuro. Trata-se do seu compromisso de lutar para transformar o mundo num lugar melhor e não pior para todos.