Para o escritor de livros infantis Ricardo Azevedo, a leitura nada deve para outras mídias como a televisão e o computador. Segundo ele, que utiliza o folclore como ponto de partida para sua literatura, todas elas têm sua importância, cabendo à escola ensinar onde cada uma delas se encaixa na vida das crianças.
Televisão, computador, Internet, videogames... Como fazer com que as crianças encontrem tempo e interesse para a leitura com todas as inovações que a vida moderna oferece? Para o escritor e ilustrador paulista Ricardo Azevedo, o problema não está em fazer ler e, sim, em mostrar para as crianças o verdadeiro papel e a importância da literatura. “A leitura é um patrimônio completamente insubstituível. O que acontece é que muitas escolas ainda confundem livros didáticos com literatura, então, a criança fica achando que todo livro tem necessariamente uma lição que ela precisa aprender”, aponta o autor.
Para Azevedo, a concorrência entre literatura e qualquer outra mídia não existe. “Nada impede que uma pessoa goste de cinema e também goste de literatura. Aliás, as pessoas que eu conheço que realmente gostam de cinema são, em geral, ótimas leitoras”, completa. Ele diz ainda que as escolas erram feio ao tentar “instrumentalizar” a literatura, o que acaba tornando a leitura uma coisa chata. “A criança não aprende que existem livros diferentes, livros com os quais ela pode se emocionar, se identificar, sonhar, se escangalhar de dar risada, chorar e até especular sobre sua própria existência. Na minha visão, enquanto essa confusão persistir, a gente não vai conseguir formar leitores, nunca”, ressalta.
Azevedo, 52, cresceu em uma casa onde ler e escrever livros era uma prática, já que o pai, geógrafo, foi autor de diversas obras. Aprendeu desde cedo, portanto, a importância da literatura. Escreveu seu primeiro texto para crianças — que mais tarde acabou se transformando num de seus livros mais premiados, Um Homem no Sótão — com aproximadamente 17 anos.
Ricardo Azevedo é autor de mais de 90 livros para crianças e jovens em que o folclore é a palavra-chave. O escritor aponta a maneira como o tema é tratado nas escolas como outro problema para a aprendizagem. “A cultura popular não é uma coisa morta que precisa ser relembrada. Ela é viva, imensa e ocorre o tempo todo, em todos os lugares, todos os dias do ano”.
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